sobre os poemas de
“Minerar o
branco”
(2008)
do poeta Ronaldo Werneck
Quando a poesia precisa
minerar além do poema
A
Crítica
Muito já se discutiu sobre
poesia enquanto jogo de palavras, i.e., exploração da oralidade ou destaque
visual, com alguma disposição gráfica de versos. São assuntos com farta
bibliografia. Sejam dos adeptos de uma ou outra forma, sejam dos puristas ou dos
vanguardistas. Poema é som ou desenho numa folha? Poesia é para ser lida ou
contemplada? É conjunto de versos ou um verso só já é poema? Um objeto, uma
coisa, é poesia? Para os adeptos do poema-objeto a resposta é
afirmativa.
Como podemos ver, cada
teórico teoriza o que lhe agrada ou interessa, dependendo do grau de devoção, se
adepto do oral
ou do visual, se devoto da oralidade ou do concretismo. Cada igreja
forma os seus ideólogos, os seus bispos defensores, os seus xamãs teorizadores.
O difícil é ressaltar o poético, o lírico, em cada obra e tentar ouvir o que tem
a dizer. Ou o que ela quer que vejamos.
Por mais objetiva que seja
uma crítica, esta ainda está carregada de subjetivismo. Há um crítico que a
idealiza e produz. Não temos máquina de ler e interpretar poesia. Ainda bem,
convenhamos. Assim se um crítico prefere poesia oral, epopeias rítmicas do
cordel, talvez pouco vá se interessar por poemas-visuais, ou poemas-objetos. Se o
poeta é vanguardista, muitas vezes nem abre um livro de cordel, acha que é coisa
popular, tradicional, e que precisamos abraçar o futurismo (espere aí! o
futurismo já está nos museus!)
ou propagar o
concretismo.
Críticos que preferem poesia
oral, baladas, ritmos de cordel, poesia cantada, precisam fazer um esforço para
entender poesia visual, poesia-objeto, poesia no blog. Senão, com tanta
subjetividade contra, não poderiam tecer um ensaio objetivo, segundo critérios
estéticos. Aqueles mais vanguardistas (ou se consideram assim) mostram
dificuldades ao lidarem com formas tradicionais, ou entender as letras de
canções como formas poéticas. Qual a diferença entre um
cantor e um poeta? Os acordes e refrões?
Por outro lado, poesia não é
simplesmente aquilo que o Crítico considera poesia. E muito menos aquilo que o
autor considera poesia. Para o poeta tudo o que escreve é poesia (mas pode ser
apenas desabafo...) e para o crítico apenas é poesia o que sobra quando se tira
a casca de sentimentalidades. É poesia o que sobrevive além da 'intenção
autoral', daquilo que o poeta quer dizer. Principalmente, é poesia aquela
amálgama forma-conteúdo que é transmitida ao leitor – mesmo quando ele/ela nada
entende. Posto que a poesia não é necessariamente racional.
A Obra
Técnicas
Quando o poeta cuida da
parte gráfica alguns fenômenos podem ocorrer. Ou a obra ser risível ou genial.
Pode também ser mais do mesmo ou algum tipo de inovação. Quando o poeta trabalha
a tipografia dos versos – assim os estilos de Mallarmé, Maiakovski e Octavio
Paz, p. ex. - o interesse não é apenas sonoro, mas também visual. Como o poema
deve aparecer aos olhos do leitor.
A poesia enquanto fenômeno
visual não exclui a sonoridade – jogos de palavras e aliterações são abundantes
no concretismo – nem outras
particularidades da forma oral, apenas que espera-se um olhar atento do leitor.
As palavras estão em arranjos, distribuídas segundo critérios (ou não) que
interessam à intenção autoral.
Assim é a questão do tipo
preto na página branca, ou do tipo branco na página escura, ainda o trabalhado
entre contraste claro escuro, quando tudo integrado, percebe-se o quanto a
disposição gráfica é relevante, sejam as marcas tipográficas, sejam os arranjos
de palavras. O 'despedaçar dos versos' em degraus, ou escorrendo pela página.
Algum propósito tem – nem que seja o de levar o crítico a
apontá-lo.
Afinal, podemos escrever o
verso “A
menina ouviu em pânico o som áspero” na íntegra, ou segmentá-lo
em sintagmas, para ressaltar os constituintes. Assim podemos escrever o verso em
degraus, um elemento por linha,
A menina
desperta
ouviu em
pânico
o som
áspero
se desejo ressaltar que é
uma menina - e não é um menino, ou senhora – e que ela ouviu em pânico – e não
caiu no sono, ou escovou os dentes – e o que ela ouviu, um som que julgamos
desagradável (o ranger de uma porta? O estilhaçar de um vidro?), mas é possível
ainda, se quero destacar o estado de pânico e o tipo de som, escrever
assim:
A menina
desperta
ouviu
em
pânico
o som
áspero
O verso ocupa mais espaço na
página, pode ser melhor visualizado, pode ser lido mais prontamente ou
lentamente, a depender o estado de suspense para o leitor – que pode deslocar
ênfases para 'em pânico' e 'áspero'. A disposição gráfica
apenas facilita, norteia, não determina.
Antes,
os
determinantes seriam uso de negritos, itálicos, parênteses, fontes diferentes em
cores e tamanhos, mais próximo ao concretismo.
A menina
(desperta)
ouviu em pânico
o som áspero
Portanto foi um pânico
imenso que a menina (não qualquer uma, mas a
desperta) ouviu o tal som áspero (muito áspero, percebe-se
pelo tamanho da letra e pela cor rubra) , ou seja, o poeta pré-determina a
leitura do leitor ao ressaltar trechos do verso. Destaques em tamanho e cores são recursos visuais,
enquanto na poesia falda o declamador pode sussurrar ou gritar, acelerar ou
frear a leitura.
Citando a obra, ressaltamos
que o verso é
'não noites
não nozes não vozes' mas graficamente se dispõe
assim, em degraus descendentes,
não
noites
não
nozes
não
vozes
(p. 211,
“Velhos Natais”)
Outra marca tipográfica que
destacamos é o uso de certos tipos de letras – ora maiúsculas ora minusculas, ou
o predomínio de uma ou outra. Aqui, na obra que folheamos, eis a preferência por
letras minúsculas – alguma influência do
poeta e. e. cummings (1894-1962), que adorava inovações tipográficas? É possível
que sim, pois poemas inteiros são escritos em minúsculas,
vem da mata o menino
de mim das minas claras
de miniminas raras
vem da mata o menino
no alto-gerais traços
tontos trecos e trapos
vem da mata o menino
solta-se das gerais
de si minas não mais
(p. 138, “Vem da Mata o
Menino”)
Assim, estamos abordando as
técnicas, que são muitas. O trabalho com as palavras é sensível e visível.
Percebemos repetições, aliterações, palavras cognatas, ou que parecem cognatas,
rimas, assonâncias, fusões, derivações. Mais, jogos verbais, fragmentação
silábica, jogos de palavras, trocadilhos, citações, referências, paródias,
intertextualidade (com livros, autores, filmes, etc) em recursos que lembram os
estilos de Affonso Romano de Sant'Anna e Affonso Ávila, só pra ficarmos aqui em
Minas,
balas bailam
tontas
zunem
zonzas
a metralha
ruge
a mortalha
rouge …
(p. 61)
o
corpo-roto
de selva &
sangue
o
mito-morto
(p. 67)
reluz teu rosto farol fresta facho
de outrora clarão que se
locomove
chiaoscuro caro cálido
colo
vem de volta vem comigo
vem rosto
(p. 87)
olhos meus
olhos
…
sobre meus
olhos
(p. 91)
minhas mãos / tuas mãos /
as muitas tuas / minhas mãos
(p. 92)
o amor bateu / forte /
ardeu forte
ao amor / bateu /
sorte
(p. 92)
erra o poeta pelo erro
erra o poeta por não ser
em si manhã e por não ser
em si manhã e por não ver
que ver rever reverberar
o erro não mais é errar
pelo mundo errar aspirar
errar pelo erro de errar
errar pelo tempo profundo
(p. 152)
e fala magra e mansa e
magro
e tão mago e
leve
(p. 218)
Intertextualidade
De influência em influência,
os autores dialogam com autores, os textos carregam 'pistas' para outros textos.
É sensível aqui, em “Minerar o Branco”, o diálogo com outros poetas, por
exemplo, o futurista russo Maiakovski,
maiakovksi me
olha
maiaca me
mira
maiatédio
é melhor morrer de
vodka
(p. 76,
“Annamanhece”)
ou com Tennessee Williams (1911-83,
norte-americano, o autor de “Um Bonde chamado
Desejo”,
1948), “no
leme treme tennessee” (p. 96), poema no qual enxerta a
tradução do poema “How calmly does the olive
branch”
(“com que calma
o ramo de oliveira”),
“Com que calma o ramo de
oliva
Vê a tarde ficar menos
viva
Nenhuma súplica ou
ruído
Seu desespero não é
sentido”
mais info em
ou com Manuel Bandeira, o
poeta de Pasárgada, em “Pindamoraminas” (pp. 155-56),
não, não
vo'm'embora
pra
lua-pasárgada
meu tempo é
agora
…
nada de
pasárgada
-vem, vamos
embora
pindamonhangaba
é aqui,
aurora
Outro detalhe: se o poema é muitas vezes
hermético, não nos preocupemos, pois o próprio poeta cuida em explicar tudo em
notas de rodapé (assim como em “Itinerário de
Pasárgada”,
Manuel Bandeira explicava, detalhava, expunha as 'chaves' dos poemas de sua
autoria...)
Assim, no poema “A Voz”, p.ex. só quem leu a biografia de
Frank Sinatra vai entender imediatamente – então o poeta vem
socorrer o leitor - “a voz” é o próprio Sinatra, chamado 'the voice', pela plenitude de sua
expressão vocal, de talento indiscutível.
São várias as referências a
autores, livros, filmes que o leitor (ainda mais o jovem) pouco reconhece, daí
se justificassem as notas de rodapé. Quem foi Hemingway? Quem foi Godard? Quem
são os ícones do cinema ou da literatura que ainda nos influenciam hoje?
Enquanto cinéfilo e poeta, ou poeta e cinéfilo, Ronaldo Werneck poderia
polemizar, criar mesmo as controvérsias. Quem são os nossos referenciais?
Quais os nomes para os quais não precisamos de notas de rodapé?
Metalinguagem
Ressaltamos as influências
pois estamos em território do autor-leitor, ou seja, um autor que se entrega a
ler e reler obras de outros autores, e intertextualidade certamente não faltará.
Esta leitura
constante faz o autor pensar a própria escrita, quase um escrever e meditar
sobre o ato de alinhar palavras, ao ressignificar o
mundo.
Tudo em abundante recorrência de um
fenômeno normal em nossa era: metalinguagem. A poesia adora falar de
poesia, parece. O poema aponta para si mesmo, enquanto poema. Lembra o tempo
todo ao leitor que se trata de um poema (como se precisasse ficar reafirmando
isso!),
Em “Preto Nu
Branco” (p.
39) temos uma
dica
não leia
de
arranco:
opresso é
o poema:
eco
mas a
poesia
salta
do
branco
-ecco!
Mais metalinguagem entre os
jogos de palavras, que se destacam em rimas internas ou aliterações, deslocados
em blocos descendentes no branco da página,
pó
poesia
pois é um voo em vão que
se desvela
e
resvala
sentinela
inconstante
(p. 41, “De Céu e
Nuvem”)
e
o pó do
poema
a poesia
recompõe
em meus
braços
a
poesia
(p. 122, “A Poesia nos
Braços”)
e também,
poesia
o poema
trabalhado
poesia?
O poema
só suor
poesia?
O poema
apanhado
(p. 129, “Sim-Sim: Cinco
Minutos”)
Convenhamos, o poema se
esforça, se espreguiça, se alinha, se derrama para falar sobre si mesmo.
Metapoema é uma recorrência, tal um espelho refletindo a si mesmo em
infindas, num fenômeno de recursividade. O poema que fala sobre o poema no
poema... Aqueles contos do Borges que falam de contos, ou os romances de Calvino
que lembram o tempo todo que são romances do Calvino... onde o referencial? Nem
mais pretende 'representar' o real, o mundo exterior. A poesia torna-se assim um
jogo alienado, voltado para o próprio umbigo.
Temáticas
Pensemos, além de falar de Poesia
qual outros assuntos despertam a fala do poeta? O que deseja falar o poeta além
do fazer poesia? Será que há um mundo lá fora? Ou tudo se resume a jogos de
linguagem? Tudo é palavra ao lado de palavra e estamos conversados.
Mas certamente o poeta quer falar
sobre o mundo externo, o tempo que flui, a infância, a vida de descobertas, a
cidade, as polêmicas literárias, o viver (e o sobreviver) de poesia. É nessa
ânsia de comunicar que destacamos os poemas “Vem da mata o menino” (pp.
138-39), “Ah! Há controvérsias” (p. 157-58), além de “Política do
Troco” (pp. 58-59), onde a identidade do eu-lírico se faz presente e
repensada, o ser mineiro, o chão de Minas, a voz que cria controvérsias, o poeta
errante que carrega a cidade natal consigo,
vem da mata o menino
vem trem-do-mato tralhas
de minas imantadas
vem da mata o menino
alto mato seu trem
trem-do-mato trem-trem
vem da mata o menino
e
do mato no asfalto
mata angústia mato
e
mudo o mundo muda
na praça sem pressa
sim: há controvérsias
um dito um não dito
novas tão funestas
não: há controvérsias
...
fado: fogo-fátuo:
minas é o que resta:
ah! há controvérsias
…
o preço da pressa
o fausto da festa
ah! há controvérsias
Controvérsias existentes ou não, a
poesia pode falar do mundo exterior – deve falar da vida ao redor, do imposto de
renda, da desigualdade social, da subnutrição, dos lobbies no
legislativo, do câncer da corrupção, pois o poeta é um operário, sim, um
proletário da palavra. Perguntam: o poeta tem ideologia? Responde-se:
existe um discurso não-ideológico? Alguma fala sem propósito, sem emissor e
receptor? A voz no poema se identifica com quem na 'luta de classes'
?
apenas mais um
como você
um operário
da palavra
(…) p. 58
um operário
que na terra
cava
a vida avara
(p. 59, “Política do
Troco”)
Em que nível o intelectual é um
operário? Qual a 'consciência de classe' do intelectual ? Precisamos
lembrar em que contexto transitamos. Em plena década de 1960 – época de luta de
classes – ideologias, golpe militar, repressão política. Luta armada, guerrilha
urbana, guerrilha nas selvas, torturas. E onde se encaixa o intelectual? Quem
fala de mais não é obrigado a se exilar? Caso contrário não terá um fim trágico
no paredón?
Mas antes de tudo a voz do poeta
volta-se para a própria poética – que não se reduz ao panfletário,
propagandístico, manifesto revolucionários ou reacionário. Tematiza o que o
incomoda pessoalmente até mais do que socialmente, p. ex. o tema: a Americalatina
e
suas veias
abertas (vejamos Eduardo Galeano e sua obra
“As Veias
Abertas da América Latina”, onde acusa o imperialismo
europeu e norte-americano pela exploração do nosso
continente, hoje dado ao subdesenvolvimento ), trata-se de um tema retomado nos anos
1990,
natinovo
leão
de
latinoamérica
(p. 61)
surge súbita
a
pré-fabricada
nas oficinas
da américa
latina
das oficinas da
américa
das oficinas de sombra e
medo
suja morte em
selva
(p. 66)
E certamente alguma ironia
com o desejo dos argentinos de serem europeus? Buenos Aires certamente não é
Paris, a cidade-luz, por mais que nossos hermanos tenham ânsias de
potência do Cone-sul, seja no comércio, na cultura, ou no futebol,
buenos
aires
não é
paris
nem o sena o
prata
que
contracena
em noite
pequena
lua-que-lua
solta na
rua
de pedra e
prata
salve as
matas
as
mulatas
e o inca sem
gravata
(p. 69)
Conclusão
Concluímos, e repetimos, além de
técnicas, de metapoemas, de intertextualidades, de temáticas, importa que o
autor, principalmente o poeta, supere ideologias, propagandas,
lavagens-cerebrais, prisões de época e de ego, empecilhos de criação e
'esqueletos no armário', desista de bens e heranças, renegue a família e as
tradições, e ouse criar o novo, o não esperado, o-que-nem-vamos-digerir-agora,
mas as próximas gerações podem assimilar e canonizar.
Afinal, trata-se não de teorizar
ou tematizar, mas de viver e sobreviver. Sai e entra governo, mudam-se os planos
de previdência social e os planos de carreira, mudam-se as legislações,
alteram-se os quadros partidários, e como lidamos com tal efemeridade, fora da
torre de marfim? É preciso viver o poema. Viver o poema? Sim, eis uma
profissão de fé que soa singela e sincera, o verso que guardamos depois de
fechar “Minerar o branco”, do poeta-cinéfilo Ronaldo Werneck, “morrer
não vou sem viver este poema” (p. 46)
abr/12
Leonardo de
Magalhaens
...
mais sobre o poeta Ronaldo
Werneck
…
poemas de “Minerar o
Branco”
VEM DA MATA O MENINO
vem da mata o menino
de mim das minas claras
de miniminas raras
vem da mata o menino
no alto-gerais traços
tontos trecos e trapos
vem da mata o menino
solta-se das gerais
de si minas não mais
vem da mata o menino
marilumina a lua
que blue e bamba atua
vem da mata o menino
dobra a noite a montanha
sobre o céu sol de antanho
vem da mata o menino
degredado vem veloz
trensloucado empós
vem da mata o menino
vem-vai-vai-vem agora
verde mato de outrora
vem da mata o menino
vem trem-do-mato tralhas
de minas imantadas
vem da mata o menino
alto mato seu trem
trem-do-mato trem-trem
vem da mata o menino
e do mato no asfalto
mata angústia mato
Copacabana, 29.01.91
...
AH! HÁ CONTROVÉRSIAS
mudo o mundo muda
na praça sem pressa
sim: há controvérsias
um dito um não dito
novas tão funestas
não: há controvérsias
nada mal presentes
fogo na floresta
sim: há controvérsias
fado: fogo-fátuo:
minas é o que resta:
ah! há controvérsias
não às reticências
chagas sem compressa
não: há controvérsias
o preço da pressa
o fausto da festa
ah! há controvérsias
cães na praça restos
no caos que atravessas
sim: há controvérsias
nada tal e qual
na vida adversa
ah: há controvérsias
nem tangos nem tangas
só minas homessa
não: há controvérsias
o pó que perpassa
poalha sem pressa
sim: há controvérsias
em tudo uma fresta
o azul é o que resta
ah! há controvérsias?
E pronto e basta
chega de conversa
não há controvérsias
In : “Minerar o branco” (2008)
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