“Chove/ no Rio de Janeiro/ mas faz sol/ nos rios de meu coração”. Estive no Rio no último fim de semana e tanto eu quanto a cidade parecíamos confirmar meu poema. Chovia, chovia, mas no meu coração o sol se fazia. E se faz quase sempre que volto ao Rio. Havia me programado para ir à mostra da obra visual e poética “bug-god” de meu amigo Márcio-André e ao lançamento de seu romance Leonardo contra Paris. “Poeta sonoro, cinético e radioativo”, (o que quer que isso signifique), Márcio mora há alguns anos em Budapeste e há outros tantos eu não o via: nosso último encontro foi no Norte de Portugal, em Vila Nova de Famalicão (onde Camilo Castelo Branco escreveu grande parte de suas obras, e ali se suicidou em 1890), quando do lançamento de Portuguesia, a “Contrantologia” editada pelo poeta Wilmar Silva, que reuniu 101 poetas da CPLP, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e contou com nossa participação.
Também no meu programa carioca: assistir a dois filmes recém-lançados, de meus amigos Eryk Rocha (Cinema Novo) e Vladimir Carvalho (Cícero Dias, compadre de Picasso). Comecemos por Cinema Novo, visto na tarde de sábado. Saí da sala de cinema fascinado, não só pela frenética e ritmada montagem (de Renato Vallona) – principalmente em seus planos iniciais, os personagens de vários filmes correndo, correndo quase sem fôlego, que se complementam ao final do documentário, e que nos deixam também literalmente sem fôlego como os personagens –, como pelo barato em que entramos ao relembrar takes de vários filmes do movimento, ou tentar identificá-los. Não por acaso filho de Glauber Rocha, ícone por excelência do cinema novo, Eryk deixa que os próprios autores falem sobre suas obras e que fragmentos de suas obras falem por si mesmas do movimento inaugural daquele ainda hoje novo cinema brasileiro que vem lá dos anos 1950/60.
“Imagine um país. Um país jovem, em formação, em busca de uma identidade própria. Um país lutando para ser, pela primeira vez em sua história, livre e independente” – escreve o cineasta Walter Salles sobre Cinema Novo.
“... É nessa conjuntura extraordinariamente fértil que toma corpo a nova arquitetura de Niemeyer e Lúcio Costa, a bossa nova de Jobim, João Gilberto e Vinicius de Moraes, a poesia de Drummond, e o Cinema Novo de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman, Carlos Diegues, Ruy Guerra e tantos outros realizadores. Imagine agora cenas de filmes desses jovens diretores. Cenas fulgurantes e em movimento, cortando de um personagem para outro, até formar a imagem caleidoscópia de um país, até ficarmos sem fôlego. Cinema Novo, de Eryk Rocha, é um documentário imperdível mas também um documentário extraordinário, o reflexo de um desejo coletivo, daquilo que almejamos ser, há muito pouco tempo”.
Sob chuva intensa, deixo o cinema (novo) na Gávea e tomo um táxi para Ipanema, para me encontrar com Márcio-André. O rosto ainda molhado: que gotas são essas gotas que teimam em escorrer por meu rosto? Ainda emocionado, penso no movimento, nos movimentos que não mais existem, quem sabe antecipando aquele “reflexo de um desejo coletivo” do texto de Walter Salles, que só leria no dia seguinte. Mal chego na Oi Futuro Ipanema e um solícito porteiro me informa: “a exposição do Jorge Salomão é no 3º andar”. Não sabia, mas era o primeiro de um rol de coincidências do fim de semana. A mostra de Márcio-André era no térreo e foi bom eu ter chegado logo em seu início. Bom, porque deu para assistir a alguns de seus instigantes vídeos (arte/poema)
feitos na Europa, para batermos um papo, relembrar nosso encontro em Portugal etc & tal. Foi quando a moça que estava vendendo o livro do Márcio chegou até nós e... “Ronaldo, Ronaldo Werneck! Não tá lembrado de mim? Estivemos juntos em Famalicão! Tenho lido suas crônicas, gostei muito daquele série sobre aquele escritor, como é mesmo... Rosário Fusco!”. Era Karla Melo, uma das coordenadoras da Confraria do Vento, a editora do livro de Márcio-André. Só então me lembrei dela, de como a conheci em Portugal. Enquanto Karla falava vi passar a ainda hoje bela Lygia Marina, que se dirigia ao elevador. O que me faz mudar de parágrafo.
Subi então ao 3º andar para me encontrar com meu amigo Jorge Salomão, a quem também não via há tempos. Mal cheguei, a sala de exposição lotada, ele veio quase correndo até mim, sempre eufórico, aquele riso, aquela fala apressada, aquele jeito esfuziante que sempre me lembrou seu irmão, meu saudoso amigo Waly Salomão: “Ronaldo, que prazer você aqui. Estive em Teresina com a cantora Daniela Aragão e falamos de você o tempo todo”. E passou-me logo o folder da exposição: “Veja com calma e me conte tudo depois”. Mergulho então em seus poemas plotados nas paredes: “Todas as manhãs,/sou mais eu,/ sendo mais justo,/ em todas as medidas./ Todas as manhãs,/danço minhas manhas,/ abrindo as manhãs”. E percebo na plotagem o uso de fontes diversas, dando ao todo uma ideia caleidoscópia que casa à perfeição com a própria imagem “salomônica”.
Vejo inclusive o uso significativo da fonte Futura, tão cara aos poetas concretos. É quando Jorge se aproxima e lhe digo isso. Mas ele parece não me ouvir tal a sua excitação com o evento. Na verdade, ele veio para me “apresentar” Lygia Marina: “Ronaldo, você conhece a Lygia, musa do Tom Jobim?”. Na verdade, espécie de anti-musa daquela canção (“Lígia”) com letra meio desencontrada, com alguns toques de Chico Buarque: “Eu nunca sonhei com você/ Nunca fui ao cinema/ Não gosto de samba não vou a Ipanema/ Não gosto de chuva nem gosto de sol/ (...) Não, Lígia, Lígia”. Foi quando Lygia Marina olhou pra mim e disse: “Mas nós nos conhecemos, não?”.
Sim, pensei, mas nem achei que ela fosse se lembrar de uma noite,lá se vão não sei quantos anos, naquela casa de shows que ficava no subsolo do Hotel Méridien, uma noite em que eu e minha filha Ulla nos sentamos na mesma mesa com Lygia, seu então marido Fernando Sabino e o "não menos" casal Luis Fernando Veríssimo. Uma noite com direito a canja do “baterista” Sabino na Rio Jazz Orchestra.Na saída, calhou de tomarmos o mesmo elevador. Lygia: "Pois é, lembro-me do Fernando fazendo firulas na bateria, coisa que adorava”. E ela continuava a falar enquanto o elevador também continuava parado no 3º andar. Só então percebemos que havíamos esquecido de apertar o botão pra descer. Que noite aquela-essa, hein?
Mas a noite não terminou aí. Saio na chuva e pego outro táxi pra Praia de Botafogo, onde estava passando o filme do Vladimir Carvalho. Acontece que perdi a única sessão diária, que era no início da noite. Achei que o filme pudesse estar passando também num daqueles cinemas da Voluntários da Pátria. Qual o quê! Neca de pitibiribas. Mas passava Aquarius, que queria ver. Gosto muito do filme anterior do Kleber Mendonça Filho, O Som ao Redor. E não só por W.J. Solha (meu amigo e também prefaciador de meu livro de poemas mais recente) representar um dos principais papéis, mas por ser mesmo um grande filme. Sorte: a sessão seria logo a seguir e ainda dava tempo prum café. Compro o ingresso e dirijo-me pra cafeteria do cinema. É quando dou de cara com meu querido Vladimir sentado numa mesa com o cineasta Paulo Thiago. São muitos encontros pruma só noite. A gente se abraçou fortemente, eu falei da coincidência de ter vindo ver o filme dele, que não estava passando ali. Vladimir perguntou se eu conhecia o Paulo Thiago. Claro que sim, nós havíamos nos encontrado tempos atrás (Onde, quando? Não mais nos lembrávamos), e depois ele me enviou o seu romance "Casino de Sevilha". Acho que já falara antes pro Paulo, mas o Casino de Sevilha fazia parte de minha juventude, eu dançara muito (e mal, como sempre) ao som da orquestra Casino de Sevilha naqueles bailes cataguasenses dos anos 60 e de nunca mais. Estava na hora de Aquarius: nós nos despedimos e entrei. Valeu a pena. Aquarius é um belo filme, com a mesma tônica de O Som ao Redor, um certo ar de super-realismo, onde os atores parecem não representar, onde tudo se passa com a naturalidade de um documentário. Aí está a grandeza de seus atores, que atuam como se não atuassem, como se vivessem aquele cotidiano. Sonia Braga nunca esteve tão bem no cinema. Umas atriz cuja grandeza nos passou (pelo menos a mim) despercebida ao longo de toda a sua trajetória.
Bem, saio do cinema pra jantar na Fiorentina, como sempre que vou ao Rio. A noite acabou, mas não a saga de coincidências do fim de semana carioca. Dia seguinte, me mando por Centro do Rio, aquele local da cidade que mais amo (vale: o local e a cidade “que mais amo”: ó língua, a nossa!). Ali vivi intensamente ao longo dos mais de 30 anos em que morei no Rio. Almoço no CCBB, naquele mesmo prédio onde trabalhei nos anos 1960 e voltei a trabalhar nos anos 1990,
como Editor de Textos do Centro Cultural. O CCBB é sempre uma festa de cultura. Em cartaz, uma exposição da arte de vanguarda holandesa (cujos conceitos encontram-se na revista “De Stijl”, O Estilo, de 1917) e que teve como representante maior o pintor Piet Mondrian. Estava lá um simulacro em proporções gigantescas da famosa Cadeira Azul, originalmente em cinza, preto e branco, mas reinventada pelo arquiteto Gerrit Thomas que, em homenagem à paleta de Mondrian, a repintou em azul, amarelo e preto - as cores primárias tão caras ao criador do neoplasticismo. Não resisti: sentei, quase deitei sobre o espaldar da cadeira, e quase sumi, consumido pelas fortes cores de Mondrian.
Lembrei-me então que eu e Patrícia vamos a Amsterdam ainda agora, neste novembro. Havíamos programado voltar ao Museu Van Gogh e conhecer o Museu de Rembrandt. Havíamos nos esquecido de Mondrian. Vamos reformular nosso roteiro, que vai ficar assim, com todas as suas rimas: Amsterdam-Rembrandt-Mondrian. E uma rima complementar: Gogh, o Van. É claro (e amarelo): voltar sempre a ele, que é o ponto decisivo, o turning-point da pintura moderna. Saio do CCBB para o dia claro, não amarelo. A chuva parou e há uma claridade marinha que me leva ao Boulevard Olímpico, a uma saudável caminhada pela orla, onde chego mesmo a vislumbrar um arco íris – ou será que “entrei numas”, naquele “faz sol em meu coração?”.
Um Rio de Janeiro visto de outro ângulo, pura maravilha. Chego à Praça Mauá e, como sempre, ignoro o Museu do Amanhã, essa horrorosa construção que me lembra um ralador de cenouras, ou coisa que o valha. Tomo pela primeira vez o VLT, o famigerado Veículo Leve sobre Trilhos”, e deslizamos silenciosamente pelo suave domingo carioca, Avenida Rio Branco afora-adentro. Tomo um rápido café no Aeroporto Santos Dumont, todo reformado, e parto de táxi pra Praia de Botafogo. “Hoje vou ver o filme do Vladimir de qualquer jeito”, penso eu lá com meus botões, que na verdade não mais existem na modernidade de nossos zíperes & velcros & coisas de tal jaez.
Imaginem vocês quem encontro no hall de entrada do cinema? Erik Rocha e Vladimir Carvalho estão ali, num papo animadíssimo. O Rio é mesmo uma província. Não dá para se acreditar em mais essa coincidência, puro espiritismo ou coisa que o valha. Vladimir vira-se pro Erik: “O poetinha viu seu filme ontem e me disse que saiu do cinema emocionado”. E pra mim: “Falei ontem com o Waltinho (seu irmão, o cineasta Walter Carvalho) que estive com ‘o poetinha´, e ele mandou um abraço. Nem precisei dizer qual “poetinha”: Waltinho logo disse: e como vai nosso amigo Ronaldo?”. Erik logo me pergunta onde eu vira o seu filme e se gostara mesmo. Quando cheguei, os dois estavam comentando a coluna do Cacá Diegues daquele domingo, com uma nota sobre seus filmes: “Não posso deixar de anunciar que acabam de estrear e estão em cartaz dois preciosos documentários brasileiros. Cinema Novo, de Erik Rocha, e Cícero Dias, o compadre de Picasso, de Vladimir Carvalho, tratam de dois fenômenos singulares da nossa cultura no século XX, dos quais temos muito que nos orgulhar”.
Brinquei com o Vladimir se valia e pena ver esse filme de "um tal compadre de Picasso". Entrei após longo abraço nos meus dois amigos. O filme é um mergulho na trajetória do pintor pernambucano Cícero Dias, que viveu e está enterrado em Paris, amigo de Picasso (que foi padrinho de sua filha, daí o subtítulo do filme), do também pintor cubista Ferdinand Léger, do surrealista Joan Miró e do poeta comunista Paul Éluard.
São fascinantes as imagens de Paris e do Recife, que surgem súbito do movimento da câmera saindo de sob a escuridão das pontes das duas cidades. Como fascinante é o final, a imagem do Engenho Jundiá se diluindo, a casa da infância de Cícero Dias em plena decadência, num sfumato em contra-plongée. Pensei logo numa filmagem de Walter Carvalho, ou numa homenagem que Vladimir fazia ao irmão, pois a direção de fotografia era de Jacques Cheuíche. Bingo: nos letreiros finais é dado crédito ao Waltinho pelos takes do Engenho Jundiá.
É de tirar o fôlego no filme de Vladimir a leitura do poema “A Liberdade”, do poeta francês Éluard, sobrepondo-se a imagens do nazismo: “Nos meus cadernos de escola/ no banco dela e nas árvores/ e na areia e na neve/ escrevo o teu nome//... No bafejar das auroras/ no oceano nos navios/e na montanha demente/escrevo o teu nome//... Por poder de uma palavra/ recomeço a minha vida/ nasci para conhecer-te/ nomear-te/ Liberdade”. E não é que, de repente, quem surge na tela? Quem surge na rua Aprazível, em Santa Teresa? Ninguém menos que (e de novo!) o Jorge Salomão falando sobre o quadro mais famoso de Cícero Dias: “Eu vi o mundo... e ele começa no Recife”. E deve naturalmente acabar no Rio, num fim de semana carioca e fantástico como esse.
Saí novamente emocionado do cinema. Viva o Vladimir! Viva o novo cinema novo do Eryk! E não é que a coisa não parou por aí? Já de volta à base dos cataguás, vejo no face do cineasta Luiz Carlos Lacerda, meu querido Bigode, que ele também assistiu aos filmes do
Vladimir: “Uma das muitas qualidades do filme é a inserção de sua trajetória à história do século XX, mas sem o característico tom didático que costuma ser a marca da maioria de nossos documentários. Bravos, Vladimir!" E do Eryk: "Cinema Novo é uma delirante homenagem a um dos mais importantes movimentos cinematográficos dos anos 60/70 e aos seus diretores, utilizando-se de uma forma que se confunde com a própria linguagem do cinema que reverencia. E é esse sentimento que toma conta da tela com o brilhante documentário de Eryk Rocha. Um filme de ideias incendiárias e potentes". E mais: Bigode também tirou uma foto no CCBB, sentado na cadeira de Mondrian. Ó tangas, ó mangas! Ó coincidências mais coincidentes!
A seguir, encontra-se o texto que escrevi sobre meu querido amigo Vladimir Carvalho, homenageado em 2007 no 3º Festival de Cinema Cineport, realizado em João Pessoa.
Vladimir Carvalho:
poesia e saga sagaz
Do jovem e pioneiro roteirista de Aruanda, no início dos anos 60, ao realizador de Romeiros da Guia e de A Bolandeira. De Incelência para um Trem de Ferro e A Pedra da Riqueza ao hoje maduro diretor de O Engenho de Zé Lins: a história do cinema paraibano está solidamente entrelaçada à trajetória de Vladimir Carvalho.
A câmera na mão do presente-devir. O tripé no passado. O avião sobrevoa um reino desencantado. O cinema de Vladimir Carvalho é São Saruê-Nordeste. O gavião vê de longe as costelas de Eldorado. É Brasília-Centro-Oeste. E a balança dos contentes pesa a sede dos magoados. É a câmera que aponta a periferia, em panorâmica sobre o desencanto, foco fechado sobre o sofrimento.
“Até onde consigo recuar na minha memória, a ideia mais substantiva de terra que tenho era viva e concreta, embora às vezes confusa e incipiente. Na tenra idade do meu burgo interiorano, a imagem da terra que eu captava naturalmente era cheia de vida, uma vida que vim a descobrir depois desigual e injusta para muitos dos que lidavam com ela”.
Príncipe de princípios, Vladimir Carvalho é um lorde do agreste. Solidário com sua gente, com os desnordestinados dos quatro desencantos do país. Seu cinema é lógico e simples. É soma, é suma. É semiológico. É o presente que se monta com imagens resgatadas do passado. Lírico e telúrico. É Humberto Mauro e Robert Flaherty. É poesia e saga-sagaz. É permanência. Um cinema que documenta em cada fotograma a digna postura de seu criador. Dignidade que enlaça em terno celuloide suas imagens-criaturas.
Brasil-Brasília, cidade-país cinemascópica. Um só Nordeste-Vladimir. Um contínuo rebuscar por conterrâneos ensandecidos pelo Eldorado. O homem que se apequena na retilínea imensidão do horizonte-planalto. Mas há sempre uma Vila Boa de Goyaz. Um espaço que se descortina em cordialidade. E em candura: Cora Coralina e seu arrastar de cadeira circulando os cômodos de toda a casa. Equilibrando-se sobre o trilho do trem de outrora, Vladimir vê a terra a girar, em cine-movimento, a terra vista de sua Itabaiana, que é também pedra-que-gira. “Herdei uma certa loucura nordestina, que é rodar feito um galináceo ou um peru num terreiro em torno de uma mesma ideia.”. Uma ideia fixa.
Zé Lins disse um dia: “tudo foi comido pelo tempo”. O cinema de Vladimr Carvalho está aí para contradizer o ídolo inconteste do cineasta. É um museu vivo onde se revê o passado para construir o presente. São um só filme os filmes de Vladimir, busca incessante, um só ciscar, giro de câmera sobre a idéia de sempre. Rola morro abaixo a pedra-pensamento. Sísifo nordestinado, Vladimir roda de novo sua pedra morro acima. E cisca em torno, e roda e roda, que – redivivo Sísifo – rodar é seu ofício. Ninguém melhor do que esse paraibano de pura estirpe que é Vladimir Carvalho para ser o homenageado brasileiro no 3º Festival Cineport.
Ronaldo Werneck
João Pessoa, maio 2007