A
Paulo Fialho, em seu velório
a morte esse cavalo
pégaso solto no ar
a noite esse halo
o corpo o não lugar
no foco um só
plongée
cavalo alado torto
enquadra a cena e
vê
em decúbito o corpo
corpo o corpo
esquálido
por mais que a vida
chame
face amarelo pálido
branco branco
origami
e como se esculpida
a lágrima do morto
surge súbito e
tímida
vida a dobrar em
dobro
lágrima esse
cristal
vida que vem da
morte
e só dela só se
alça
solta-se em
malasorte
da vida para a
morte
da morte para a
vida
a lágrima esculpida
vida que estanca a
morte
e não escorre a
lágrima
vã pulsão que se
fixa
lá para sempre lá
vida e morte vívida
não é de malasorte
a lágrima da morte
antes sopro de vida
que jorra esquecida
vida a correr da
morte
esse animal cevado
vida esse cavalo
a dobra o dobro:
corte
Ronaldo Werneck
maio/julho de 17
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