20 de out. de 2016

Selva Selvaggia 40 anos – 2


     O lançamento de meu primeiro livro, selva selvaggia, completou 40 anos (Livraria Muro, Ipanema, maio de 1976). Republico alguns de seus poemas, em ritmo de comemoração. Aí vai mais um deles, também realizado on the road:


A ESTRADA



como a faca
o corpo
a estrada penetra
o sertão e corta
seus intestinos
como a faca
o morto


como a faca
a estrada se estende
como a faca
e seu desígnio
como o corpo
e seu signo


como o corpo
e seu signo
a estrada
é construção do silêncio
e compõe a paisagem


como o corpo
no sertão
como o morto
no chão


como a faca
a estrada brilha
ao sol argamassado
como a faca
no silêncio
de seus gumes prateados


a estrada o morto a faca o sertão
são palavras planas
habitadas por sol
e solidão.

Um comentário:

Rede Furada disse...

Qual pulso, seu poema bate.
Pulso. Faca. Morte.