VELHOS NATAIS
sim
não existem
mais
sinos
meninos
os velhos ais
não
sim
não existem mais
sons
sonhos
sinos
címbalos
símbolos
sim
não existem
mais
presentes
no passado
meninos
janelas abertas
na memória
velhas histórias
não
nós
nozes
velas
nós na garganta
velhas vozes
sim
não
– que
adianta? –
não existem mais
coisas que
tais
hoje só
só sons
estranhos
martelando
a madrugada
ruídos
rompendo
interrompendo
janelas fechadas
a manhã
presentes-ausentes
hoje só
pressentes
os sinos
sim
os sinos
não
os velhos ais
uais de nunca
jamais
não
noites
não
nozes
não
vozes
veladas
vozes
de outroragora
sambam
soltas
entre as frestas
da janela
de nunca
jamais
entre as festas
de velhos
anelos
belos
tanto
tontos
natais
atônitos.
Rio de Janeiro,1991
NATAL DE CASANOVA
já em
dezembro,
natal de
prova,
me
surpreendo
de casanova.
ano que vai,
vida que
vem.
vem me ver,
vai
olha que
trem
belém-blém-blém
sai daqui,
sai
nada é
igual:
tudo renova
a vida pau
pra toda
prova.
Cataguases,
1999
TREM DE NATAL
tudo tem
tudo trem
do ano que
vai e vem
pra você:
este brilho
viajor,
andarilho
ano que vem
e cai
agora:
berço-embalo
tudo sim
tudo claro
tudo que vem
e vai
nada neste
natal
nada nada
fará
nada bem
nada mal
nada ao tudo
faltar
tudo
improvisar
tudo novo
janeiros
tudo ao deus
dará
tudo de
novo: ei-los
os dias sem
estepe
um sambinha
de breque
tudo
salamaleques
do ronaldo
werneck
Cataguases,
2004
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